PADRE TOMAZ – ARQUIVO DE JESUS DE RITA DE MIÚDO
Fui tentar
entender pela leitura de alguns gigantes da genealogia como Olavo de Medeiros
Filho, José Augusto Bezerra de Medeiros, Manoel Dantas, Bianor Medeiros e
outros mais que existem, da mesma família, mas em épocas diferentes, homens
notáveis do Seridó de antigamente que se chamavam Tomaz.
O primeiro – Tomaz de Araújo Pereira – era
português, casado com Maria da Conceição Mendonça, e chegou ao Seridó por volta
de 1730. Do casal Tomaz e Maria da Conceição, segundo pesquisa de Joaquim José
de Medeiros Neto, nasceram os filhos: João Damasceno Pereira, Thomaz de Araújo
Pereira (2º), Cosme Soares Pereira, José de Araújo Pereira, Joana de Araújo Pereira,
Josepha de Araújo Pereira, Helena de Araújo Pereira e Anna de Araújo Pereira.
De um segundo matrimônio, Tomaz ainda é pai de Manoel de Araújo Pereira.
José Augusto Bezerra de Medeiros considera Tomaz de Araújo
Pereira e Maria da Conceição Mendonça os fundadores da grande família Araújo do
Seridó: “Entre as famílias que povoaram o Seridó, e ai se fixaram, a família
Araújo, senão é a mais antiga, é das mais antigas, e certamente a que mais
proliferou, sendo hoje a mais numerosa dentre quantas se contam radicadas
naquele trecho do território norte-rio-grandense. Não é exagero afirmar que
raro será o seridoense que não tenha sangue de Araújo”.
O segundo Tomaz, filho do português, foi casado com Teresa de
Jesus Maria e pai do terceiro Tomaz, nascido no Acari de nossas raízes
em 1765, que chegou a ser o 1º Presidente da Província do Rio Grande do
Norte nomeado pela Carta Imperial de 25 de novembro de 1823. O terceiro
Tomaz somente foi empossado no honroso cargo a 5 de maio de 1824, mas não
passou muito tempo. Renunciou o governo no dia 8 de setembro do mesmo ano
alegando idade avançada e enfermidade.
Manoel Dantas, contudo, faz um relato que, se de um
lado, enobrece nosso conterrâneo, de outro, bem demonstra as turbulências que o
estilo dele não ajudava a contornar.
O relato, mesmo resumido, é muito interessante (e
atual): “A causa principal do insucesso da administração Tomaz de Araújo,
foi a meu ver, a anarquia geral dos espíritos e talvez os seus processos de
governar o povo, um pouco parecidos com os de governar a família. Um dos seus
primeiros atos foi reorganizar o parque de artilharia, procurando formar dele
um ponto de apoio contra qualquer movimento subversivo do batalhão de linha,
que desde o começo previa. Mandou os soldados trabalharem na enxada, em plantações
de cereais e mandioca, que figuravam como contingente no fornecimento das
etapas; entrou, palmatória em punho, na polícia de costumes, obrigando as
mulheres de má vida a fiarem, todos os dias, tantas dúzias de capulhos de
algodão sob pena de tantas palmatoadas pelos capulhos que faltassem; pôs-se à
porta do erário como uma sentinela invulnerável; áspero e pouco adaptável às
tricas políticas, justiceiro e reto, levantou logo prevenções e ódios que o
levaram impotente para julgar o levante militar”.
O quarto Tomaz foi sacerdote. Chamava-se Tomaz Pereira de Araújo.
“Nasceu a 14 e batizou-se a 16 de janeiro de 1809, filho de Antonio Pereira de
Araújo e Maria José Medeiros”. Era neto materno do terceiro Tomas de Araújo
Pereira. Ordenou-se sacerdote em Salvador-BA, no dia 6 de maio de 1832. Em 1836
passou a ser Vigário em Acari-RN tendo, adiante, sido responsável pela
construção da Matriz de Nossa Senhora da Guia (1859-1863). Na política, foi
Deputado Provincial por três legislaturas (1835-1841/1848-1849/1860 a 1861). Como
vigário de Acari, era também responsável por capelas em Jardim do Seridó,
Currais Novos e Florânia, antiga Flores. Faleceu em Acari, aos 84 anos de vida,
antes deixando testamento e reconhecendo filhos em contrariedade ao celibato.
Foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Guia, a Matriz que de tão bonita
parece uma Catedral.
Destrinchando os que se chamavam Tomaz, um ou outro
pode pensar ser assunto distante, mas o fato é que, pelo sangue do primeiro,
espalhado pelos seguintes e por muitos outros que deles chegaram, somos primos,
às vezes até próximos, aparentados por laços comuns que dignificam o Seridó que
a gente ama.
(Fernando Antonio Bezerra é advogado)
(Fernando Antonio Bezerra é advogado)
FONTE – BLOG SUBSTANTIVO PLURAL
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